Mostrando postagens com marcador Vinho mineiro conquista maior nota da história do Brasil no Decanter World Wine Awards. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Vinho mineiro conquista maior nota da história do Brasil no Decanter World Wine Awards. Mostrar todas as postagens

1 de julho de 2025

Vinho mineiro conquista maior nota da história do Brasil no Decanter World Wine Awards, o principal concurso de vinhos do mundo

 


A viticultura mineira alcançou seu mais alto pódio internacional. O Isabela Syrah 2023, da vinícola Maria Maria, localizada em Boa Esperança, no Sul de Minas Gerais, acaba de ser premiado com uma medalha de ouro e a nota histórica de 96 pontos na edição de 2025 da Decanter World Wine Awards (DWWA), a mais prestigiada e exigente competição do setor no mundo. O resultado, divulgado na última semana, posiciona o rótulo como o único brasileiro a obter o ouro este ano e o mais bem pontuado do país em toda a história da competição. O feito é um marco, pois consagra a excelência de uma região produtora muito recente e valida uma técnica de cultivo considerada não ortodoxa no mundo do vinho: a dupla poda.

O vinho premiado, Isabela Syrah 2023, tem esse nome em homenagem à enóloga da casa, Isabela Peregrino, e representa a mais pura expressão do terroir mineiro. Elaborado 100% com a uva Syrah produzida na Fazenda Capetinga e vinificado em tanques de aço inox, sem passagem por barricas de carvalho, o rótulo foi pensado para destacar a qualidade da fruta. “O nosso objetivo com o Isabela sempre foi permitir que o terroir do Sul de Minas se manifestasse da forma mais pura possível. A ausência de madeira revela a intensidade da fruta, com notas de frutas vermelhas e negras maduras, um toque de couro e as especiarias características da Syrah cultivada aqui, como pimenta-do-reino, cravo e canela”, detalha a enóloga. O vinho foi resultado de várias vinificações em parcelas, com tempos de maceração variando entre 10 e 20 dias, que depois foram cortados entre si. O resultado é um vinho elegante, de taninos macios, acidez equilibrada, longo retrogosto, fácil de beber e uma versatilidade que acompanha desde um aperitivo até um jantar, ou um churrasco.

A conquista acontece no palco mais rigoroso e prestigiado do setor. A Decanter World Wine Awards, sediada em Londres, é a maior competição de vinhos do mundo, avaliando anualmente dezenas de milhares de rótulos de mais de 50 países. Um júri composto por centenas de especialistas, incluindo Masters of Wine e Master Sommeliers, conduz degustações às cegas para garantir total imparcialidade. Nesse contexto, uma medalha de ouro (concedida apenas a vinhos com 95 ou 96 pontos) e o título de vinho mais bem avaliado do Brasil na história do concurso conferem um selo de qualidade e reconhecimento global indiscutível.

Para Eduardo Junqueira Nogueira Neto, diretor comercial da Maria Maria e engenheiro agrônomo, o resultado é um divisor de águas para a vitivinicultura mineira: “Este reconhecimento não é só da Maria Maria, mas de Minas Gerais. É um holofote que se acende sobre o potencial do nosso terroir e o trabalho de todos os produtores que acreditaram na dupla poda. Esperamos que isso abra portas, atraia o enoturismo para a nossa região e mostre ao mundo que em Minas não se faz só café e queijo de excelência, mas também vinhos de classe mundial”, celebra.

Vinícola Maria Maria

A trajetória da Vinícola Maria Maria é tão singular quanto seus vinhos. A família Junqueira Nogueira, com seis gerações de tradição na cafeicultura em Três Pontas (MG), viu o rumo dos negócios mudar após um susto. Em 2006, o patriarca Eduardo Nogueira sofreu um infarto e, por recomendação médica, passou a incluir o vinho em sua rotina. O que era um hábito de saúde virou uma paixão. Ele começou a estudar, viajar e, em 2007, descobriu os trabalhos do pesquisador Murilo Regina, da Epamig, que desenvolviam uma técnica inovadora: a dupla poda.

Essa tecnologia, também chamada de ciclo invertido, consiste em podar a videira duas vezes ao ano para forçar a colheita durante o inverno. Diferente do Sul do Brasil e outras regiões vinícolas mais tradicionais, onde a colheita ocorre no verão, em Minas essa época do ano não é propícia para a produção de uvas de qualidade. Já o inverno é seco, com dias de sol forte e noites frias, condição climática perfeita para a fruta, que concentra mais açúcares, desenvolve precursores de aromas e sabores e fica livre de doenças fúngicas. A Maria Maria foi uma das pioneiras a adotar a técnica, plantando suas primeiras videiras em 2009. O nome da vinícola é uma homenagem ao amigo da família e ícone da música brasileira, Milton Nascimento. E cada rótulo homenageia o nome de uma mulher importante na história da empresa.

Atualmente, a Maria Maria tem em portfólio o Juliana, um Rosè Syrah 2024; o Júlia, um Sauvignon Blanc 2024; o Gaia, um Syrah, 2021; o Gaia, Gran Reserva Syrah 2021; e o premiado Isabela, um Syrah 2023.