No meio de uma fase de transição para a Bottega Veneta, o mundo da moda volta os olhos para 27 de setembro, data em que Louise Trotter apresentará sua primeira coleção como diretora criativa da marca durante a Milan Fashion Week.
Bottega Veneta vive um momento de redefinição criativa. Desde a saída de Matthieu Blazy, em dezembro de 2024, a marca tem buscado consolidar sua identidade mantendo aquilo que a tornou icônica: artesanato apurado, couro de alta qualidade e o chamado “luxo silencioso”, isto é, expressivo sem depender de logotipos evidentes.
Para Carol Carraro, especialista em moda de luxo, poderá haver duas tensões centrais: preservação versus inovação, e identidade de marca versus assinatura pessoal. “Se Trotter conseguir conciliar essas polaridades, pode entregar uma coleção que reforce a reputação de sofisticação da Bottega, ao mesmo tempo em que introduza nuances distintivas de delicadeza, feminilidade e refinamento", reforça.
O grande ponto, segundo Carraro, será como Trotter vai imprimir a visão dela sem perder o DNA da Bottega, que é todo sobre couro, artesania e o quiet luxury. “Acredito que ela não vai romper totalmente e sim buscar um meio-termo, surpreendendo na forma de contar a história de um ponto de vista mais feminino. Imagino uma coleção minimalista, elegante, com alfaiataria precisa, couro acinturado e muito refinamento”, explica.
De olho no histórico da estilista e nas tendências da Bottega, Carol Carraro traz 3 apostas para a nova coleção. Confira!
1) Reinterpretação do intrecciato e do couro
Mais do que simplesmente repetir os famosos trançados da marca, Carol aposta que Trotter vai propor variações, talvez em escala, talvez em trama ou acabamento, que dialoguem com transparências, recortes ou misturas de texturas. O couro poderá vir em peso, mas também fragmentado por painéis, cortinas ou camadas que flutuam ou se sobrepõem, trazendo leveza ao rígido.
2) Alfaiataria ampliada, com silhuetas acinturadas
Carol imagina que haverá muita alfaiataria, blazers e calças de corte impecável, mas com sumiços estratégicos da rigidez: cinturas marcadas, cortes assimétricos, talvez volumes nos ombros ou barras que se abrem. A ideia é que o rigor do corte clássico se funda com fluidez corporal, talvez até algum jogo de transparência ou tecido leve contrastando com couro pesado.
3) Minimalismo e feminilidade sutil
Menos é mais: Carol aposta numa coleção em que o storytelling se dê por detalhes sutis: forros visíveis, costuras decorativas, bordados discretos, botões ou fechos que funcionem como adorno. A paleta deve privilegiar tons neutros, terrosos, creme, preto, talvez toques suaves de cores mais femininas (um rosa antigo, um lilás pálido) para marcar presença sem gritar. Sobretudo, espera-se elegância silenciosa: riqueza de materiais, acabamentos impecáveis, mas sem ornamentos supérfluos.
Quem é Louise Trotter?
Vale lembrar que a estilista é britânica, o que certamente influenciará suas criações para a marca italiana. Trotter assumiu a direção criativa da Bottega Veneta oficialmente no fim de janeiro de 2025. Antes disso, seu percurso incluiu passagens marcantes por Joseph (2009-2018), Lacoste (2018-2023) e Carven (desde fevereiro de 2023 até a transição).
É admirada por sua abordagem cuidadosa ao design: atenção ao artesanato, respeito pelas tradições construtivas das marcas, interesse em formas funcionais e estéticas “reais”, peças que vivem bem no corpo e no tempo.
Loja da Bottega Veneta em Milão
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