No Dia dos Namorados, quando o amor ganha vitrines, propagandas e timelines coloridas, um tipo de relacionamento ainda é pouco compreendido — e muitas vezes invisibilizado: o namoro entre pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Ao contrário do que muitos pensam, pessoas autistas amam, se apaixonam, desejam conexão e buscam vínculos afetivos reais. Mas, por trás de cada casal autista ou relacionamento misto (entre uma pessoa neurodivergente e uma neurotípica), existem nuances emocionais, desafios de comunicação e preconceitos sociais que ainda precisam ser superados.
Para quem está no espectro, expressar sentimentos pode ser diferente. Gestos românticos, sutilezas, ou "jogos de conquista" nem sempre fazem sentido — e isso, longe de ser um obstáculo, pode tornar os vínculos mais autênticos, diretos e profundos. A comunicação, muitas vezes mais literal e transparente, pode gerar estranhamento, mas também honestidade rara nos relacionamentos amorosos.
A sociedade ainda olha para o autista como alguém eternamente infantilizado, como se fosse incapaz de viver um romance. Isso é desumanizador. O amor está presente em todas as fases da vida, inclusive no espectro - explica a Dra. Gesika Amorim, pediatra, pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, com especialização em Tratamento Integral do Autismo e Neurodesenvolvimento.
Além disso, o namoro autista envolve acordos únicos. Questões sensoriais, rotina, toques físicos e ambientes sociais são discutidos de forma aberta, o que favorece o respeito mútuo. Por outro lado, a pressão para "performar" um relacionamento dentro dos moldes tradicionais pode causar sofrimento psíquico, ansiedade ou até isolamento.
Apesar de todas essas particularidades, o namoro entre pessoas com TEA é tão real e significativo quanto qualquer outro. E, como qualquer casal, o que sustenta a relação são afeto, respeito, admiração e comunicação — mesmo que em códigos diferentes.
Neste 12 de junho, a melhor forma de celebrar o amor é expandindo o olhar e reconhecendo que o romantismo no espectro não precisa se encaixar em padrões. Ele apenas precisa ser compreendido – Finaliza a Dra. Gesika Amorim.
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